Guardiões da Gálaxia, vol. 2: a Marvel é uma fanfarrona (alerta de spoiler)

Posted by

HdTV - Guardiões 2

O primeiro filme já carregava no humor e em personagens que, em outro ambiente, seriam considerados, no mínimo, inadequados. Quer dizer, alguns parecem inadequados até no universo colorido do primeiro filme, mas acho que vocês entendem o que eu quero dizer.

Os trailers do segundo filme prometiam seguir na mesma linha, com humor, explosões, tramas cósmicas e o Baby Groot, que tem a velocidade de crescimento mais parecida com a de uma sequoia do que com a de um pé de feijão.

Mas nada, reforço, nada poderia me preparar para o que foi entregue pelo doido do James Gunn, o diretor do filme. Nada mesmo.

Para começar, é clichê, mas necessário repetir o que vem sendo dito em diversos sites e blogs: este é um filme sobre família, não sobre aventura. É o segundo filme de herois do ano (o primeiro foi Logan) que não foca em herois e, se o Thor Ragnarok vier na mesma linha, vou começar a acreditar em tendência.

Outro ponto em comum com Logan é o uso de uma morte como pico emocional no filme. O sacrifício do Yondu acaba sendo meio óbvio, mas necessário para criar ganchos como a reunificação dos Saqueadores e a reafirmação da figura paterna do Peter Quill, bem parecido com o que acontece entre o Wolvie e a X-23.

Com relação ao filme, duas observações, uma óbvia e uma um pouco menos explícita.

A obviedade vem do caráter “Miami” que o filme carrega.
Para quem não sabe, a cidade de Miami é considerada o playground dos americanos, o lugar para onde todos vão em busca de sexo, bebidas e música, principalmente quando o resto do país está congelando.
Guardiões é o refúgio das piadas infantis, dos personagens exagerados e da inconsequência, ou seja, é divertido demais.

O que não é tão óbvio, mas não está nem um pouco escondido é o uso da música como fio condutor da narrativa.
Mais ou menos como aconteceu no seriado Luke Cage, a música apresenta praticamente tudo o que importa no filme e, por que não dizer, potencializa o efeito causado pelas imagens.
A música dita o ritmo, a harmonia e a evolução das cenas.
Pessoalmente, prefiro a black music do Luke, mas as músicas de Guardiões são bem legais, bem setentistas e positivas.

Tratando um pouco do recheio do filme, não dá para ignorar o caráter mais alegre, colorido e, por que não, kirbyano do desenho de produção.
Quer dizer, não há nada como a referência a um Celestial e aos aparelhos muito comuns nos desenhos do Rei, que aparecem no trailer de Thor Ragnarok, mas eu vejo muita influência na paleta de cores e até nas formas retrôs de naves e equipamentos.
É quase como se o filme usasse mais o visual curvilíneo de Perdidos no Espaço ao invés de usar as linhas limpas e super iluminadas de filmes como Contato ou mesmo 2001.

A solução dada para o drama familiar do Peter Quill, com a morte do Ego e a suposta perda da posição de Celestial tende a trazer consequências para os Guardiões. Afinal de contas, todos devem se lembrar que no primeiro filme o Quill teve uma Joia do Infinito nas mãos e só sobreviveu por ser filho de um Celestial.
Por outro lado, isso aconteceu longe da tal “luz do planeta” mencionada pelo Ego mais de uma vez, o que pode significar que é o sangue celestial e não a luz que dá ao Quill a sua condição especial.
Talvez só o tempo responda isso.

Sobre as cinco cenas inter/pós-créditos: são, em sua maioria, bem humoradas, mas esquecíveis, menos a que apresenta uma nova versão do casulo do (muito provavelmente) Adam Warlock, bem a tempo de participar da Guerra Infinita. Isso vai dar o que falar.
Menção honrosa à do Stan Lee com os Vigias, sugerindo que ele é um observador presente em todas as ações dos herois Marvel, mais ou menos como a raça de aliens.

Para finalizar, outra obviedade: a menos que a Marvel invente uma estratégia de marketing absurdamente alienígena, a apresentação da Joia da Alma sobrou para o Thor Ragnarok.
Será que ela está dentro do Mjolnir destruído pela Hela?
Será que ela está com o Grão Mestre em Sakkaar?
Ou será que ela já está na testa do Adam Warlock, o que obrigaria uma participação dele no filme?

Salvar

Leave a Reply