Marvel vs. DC: Frank Miller mudou o mundo

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HdTV - Demolidor Frank Miller

Meu primeiro contato com o Frank não foi nada exclusivo ou extraordinário. Foi da mesma forma que milhares de outros leitores de quadrinhos: nas histórias do Demolidor desenhadas por ele e escritas pelo Gene Colan.

Até que ele passasse a assumir também os roteiros da série (após a demissão de Roger McKenzie), o Demolidor não chamou muito a minha atenção já que, ao menos para mim, um heroi essencialmente urbano e sem super poderes tinha dificuldade de competir com mutantes, seres cósmicos, supersoldados e pessoas de armadura.

Mas o que o Miller fez com o Murdock foi algo absurdamente bem sucedido, seja na marca pessoal deixada com os desenhos de rostos quadrados e outras linhas retas (menção honrosa ao arte-finalista, Klaus Janson), seja com a introdução de temas orientais e até místicos, que possuem algum paralelo com o que o George Lucas fez no cinema alguns anos antes.

Mercenário, Kirigi, o Tentáculo, Stick, o Clã do Casto (Rocha, Garra e Flecha), Rei do Crime e, principalmente, Elektra fizeram do Demolidor um dos personagens mais populares da Marvel, o que pode ter sido o caminho natural para outro personagem absurdamente popular: Wolverine e a minissérie que o levou ao Japão.

Aí o Miller nadou de braçadas em histórias pesadamente orientais, com lâminas para todos os lados e, por que não, um pouco de filosofia para amarrar as coisas.

Ronin veio depois e é uma série que eu gosto bastante, mas parece que o público americano não concordou muito comigo e a mescla de Japão medieval com tecnologia de projeção de consciência não vingou muito. Parecia que o Frank estava meio preso no seu próprio processo de orientalização dos personagens, mas nada poderia estar mais longe da verdade e nada poderia ter preparado o mundo para o que veio depois.

“Batman, o Cavaleiro das Trevas” demoliu tudo o que se sabia sobre o Morcego e, na minha opinião, marcou o auge da carreira de Frank Miller. Tudo é sensacional, desdes os traços cada vez mais quadrados até os conceitos colocados na revista e que ressoam até hoje nas HQs e no cinema, a série pode ser considerada como o momento da reinvenção do Batman, aquele em que os traumas iniciados na infância atingem níveis extremos e explodem na forma de violência extrema. Sobra até para o Super-homem!

Depois o Frank seguiu brincando com o Batman ao fazer o “Ano um”, destroçou o Demolidor em “A queda de Murdock”, brincou de piração visual com o Bill Sienkiewicz em “Elektra: Assassina” e virou paladino dos direitos de criação dos autores contras as grandes editoras.

Só faltou reinventar os X-Men, mas aí talvez fosse demais para um só mito.

Que ele seja conhecido pelas suas reinvenções e pelo redirecionamento do mercado de quadrinhos depois de “Batman, o Cavaleiro das Trevas”.

HdTV - Batman Frank Miller

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