Algumas pessoas muito mais inteligentes (nerds?) que eu costumam dizer que os X-Men simbolizam, de alguma maneira, a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos nos anos 60 e 70.
O fato dos Homo Sapiens Superior serem “diferentes” da maioria das pessoas e, inclusive, diferentes entre si, fazia deles uma representação muito eficiente das minorias existentes na sociedade americana da época: negros, indígenas, orientais, mulheres, deficientes físicos, irlandeses, italianos, etc.
Acho essa colocação muito prudente, mas tenho certeza que não foi isso que despertou a minha paixão pelas histórias dos X-Men. A razão dessa paixão tem nome e sobrenome: John Byrne.
Ele não foi o desenhista da primeira história que li dos X-Men. Essa “honra” coube ao grande Dave Cockrum. E ele também não era o único responsável pela produção das histórias que eu lia. Boa parte dos conceitos saía da cabeça do igualmente grande Chris Claremont. Mas eram de autoria do Byrne os traços que se tornaram marca registrada da fase áurea dos mutantes.
E, além dos desenhos, uma das principais contribuições do Byrne para a história dos X-Men foi a manutenção do Wolverine na equipe. Dificilmente ele conseguiria imaginar o quão longe chegaria o baixinho canadense e o quão representativo ele se tornaria, nos quadrinhos e no cinema. Era o Byrne visionário, mesmo que sem querer.
Essa salvação começou exatamente em uma das primeiras sagas completas da dupla Claremont-Byrne, onde o governo canadense manda o James Hudson/Arma Alfa trazer o Logan de volta para o controle do país. Naturalmente, os X-Men não gostaram muito da ideia, o que gerou um sensacional conflito com a Tropa Alfa. Mais um ponto para o Byrne.
A essa altura os X-Men (com o Wolverine em absoluto destaque) já haviam iniciado a sua escalada para se tornarem os donos do mercado editorial americano.
A luta com Proteus, a Saga da Fênix Negra, o conflito com Círculo Interno do Clube do Inferno e o arco Dias de um futuro esquecido foram momentos lendários do trabalho do Byrne à frente da arte dos X-Men, mas, logo depois, os conflitos criativos com o Claremont o fizeram abandonar a série.
Eu continuei a ler as revistas dos mutantes, mas as coisas não eram como antes. Mesmo que o escritor fosse o mesmo e o espírito das aventuras também, não era a mesma coisa. Não era o Byrne.
Juntando tudo isso, os X-Men alcançaram tanto sucesso por que juntaram uma arte sensacional com uma coragem sem precedentes para chocar e, por que não, maravilhar os leitores com tramas que tinham muito paralelo com os acontecimentos da sociedade real.
Sucesso merecido!