O leitor mais atento perceberá que uma das questões que levantei quando vi Dias de um futuro esquecido parece ter sido respondida no último filme dos X-Men: o Stryker realmente capturou o Wolverine e o levou para fazer os experimentos com o adamantium.
Só não consigo entender o que a Mística fez com o Logan depois de retirá-lo do rio, mas isso é conversa para outro post. Agora o assunto é Apocalipse.
Tentando ser pouco prolixo, vou listar aquilo que eu gostei no filme:
– Crítica nem um pouco disfarçada ao X-Men, o confronto final: quando alguns X-Men saem de um cinema depois de ver O Retorno de Jedi, um deles faz um comentário mordaz dizendo que o terceiro filme de uma saga é sempre o pior. Basicamente, esse comentário avacalha um monte de filmes, incluindo o (então) terceiro de Star Wars, o Confronto Final e o próprio filme em que eles estavam. Hilário!
– Uso do Cérebro pelo Apocalipse para dominar o mundo: assim como eu, muitos leitores antigos de quadrinhos sempre viram o Cérebro como apenas um localizador de mutantes. Que eu me lembre, ele nunca havia sido utilizado para contatar mentes massivamente, muito menos para controla-las. Graças a Odin o filme optou por usar esse pode apenas para desarmar o arsenal nuclear do mundo e não para detoná-lo.
– Importância cada vez maior da Mística, quase rivalizando com o Wolverine: outra vez recorrendo ao legado dos quadrinhos, a Mística nunca conseguiu ser uma grande protagonista. De suposta mãe do Noturno a segunda em comando da Irmandade de Mutantes, ela nunca havia se mostrado muito próxima ao Xavier na luta pela causa mutante. Ela brigava, mas não era uma grande jogadora. Neste segundo arco de filmes, ela tende a ser quase tão destacada quanto o Logan, o que me soa muito bizarro, mas, surpreendentemente, me agrada.
– Participação mais do que especial do Wolverine: assim como a Marvel sempre fez nos gibis, um filme dos X-Men parece não conseguir ficar sem o Logan, por mais que tente. A participação do cara é breve, mas excepcional, mudando sensivelmente a origem conhecida anteriormente, mas fazendo um ótimo link com o filme anterior e (supostamente) com o seguinte. Ah, e ainda teve o primeiro flerte entre o Logan e a Jean Grey, que por mais que seja apaixonada pelo Cíclope, nunca consegue ficar impassível diante do canadense.
– A sensacional cena do Mercúrio salvando as pessoas durante a explosão da Mansão X: talvez a melhor cena de velocistas da história do cinema, a exploração da câmera lenta é óbvia, mas muito eficiente e cômica por conta das molecagens do Mércurio. Aqui acho importante fazer duas comparações com outros velocistas: a primeira é com a versão do Mercúrio mostrada em Vingadores, a era de Ultron, muito mais séria e sem graça, tanto que a sua morte no filme não deve ter sido nem muito lamentada. A segunda é com o que vimos até agora do Flash da Liga da Justiça: o lance dos raios quando ele corre me incomoda, mesmo que use a explicação do uso da Força de Velocidade. Aliás, esse argumento me incomodava nos quadrinhos e tem tudo para me desagradar no cinema. Portanto, a conclusão é que o Pietro dos X-Men é muito mais legal.
Como nem tudo são flores, algumas coisas eu achei bem esquisitas:
– Jeito “malandrão” do Cíclope: quando penso no “caolho”, sempre vejo um cara sério, concentrado, focado e com liderança nata. Por isso, o panaca mostrado no filme me incomodou. Talvez ele mude de atitude depois de ver o Destrutor morrer, mas o estrago de imagem já foi feito. Coube à Jean liderar os X-Men, o que é inédito, apesar dela ter plena capacidade.
– Recrutamento do Apocalipse: tradicionalmente, o vilão usava as fraquezas das pessoas para seduzi-las e trazê-las para o seu lado. Era um método sutil, quase uma corte. O que o filme mostra está mais para estupro, com ele forçando a barra com quase todo mundo. Pode fazer sentido diante do poder do cara, mas eu não gostei.
– Redenção do Magneto (mais uma!): essa é meio velha e não preciso escrever muito. O Magneto precisa decidir o que quer ser quando crescer e acho que não dá mais para explorar essa dualidade dele. Depois de perder todas as pessoas que amou, não deveria haver mais espaço para mudanças e ele deveria escolher logo o lado do Xavier, por mais chato que isso pareça.
Olhando de uma forma um pouco mais geral, o final com a Mística voltando para orientar e liderar um time de jovens e, principalmente, com algo que remete muito à Sala de Perigo (e com a presença dos Sentinelas do Trask!!) foi empolgante e se eu estivesse no cinema teria dado vexame e aplaudido como uma criança.
Mas, e agora? Como fica o futuro?
A história desta trilogia foi recontada, com pouco ou nada se aproveitando da primeira.
Isso deve nos remeter à criação dos Novos X-Men nos quadrinhos, com a entrada do Wolverine e de outros mutantes na equipe. Tempestade e Mercúrio já entraram, Anjo/Arcanjo morreu e Psylocke fugiu, podendo voltar como vilã ou, o que seria tradicional, como parte de um grupo rival. Ainda devem aparecer o Colossus, a Kity Pride, a Vampira e outros.
Outra coisa seria explorar a sugestão do poder da Fênix nos sonhos da Jean Grey e demonstração do poder para derrotar o Apocalipse. Como o vilão aparentemente morreu, uma primeira possibilidade é que o argumento do próximo filme envolva a Fênix e alguma saga planetária, como a treta com os Shiar e a Guarda Imperial, por exemplo.
Uma terceira linha vem com a cena pós-créditos na instalação onde o Stryker mantinha o Wolverine e sugere a entrada do Senhor Sinistro em cena, com eventuais clonagens dos poderes do Logan e de outros mutantes, já que havia amostras coloridas na pasta do cara de óculos. Note que ainda não vi Logan e não sei se essa ideia foi utilizada no filme.
Que o tempo decida!
PS 1 – Agora só me falta o Wolverine – Imortal para saldar a minha dívida com os mutantes no cinema e algo me diz que eu não deveria ter deixado esse para o final.
PS 2 – Acho que vou ter que rever Primeira Classe por que eu também não me lembro do que aconteceu em Cuba e nem precisei do Xavier para bagunçar a minha memória.