Tem gente que acha que os filmes da Lego são, em geral, exagerados, nonsense e carregados demais no humor negro. Eu concordo, mas também acho que é exatamente isso que os torna legais e divertidos.
Com o Lego Batman não foi diferente.
A personalidade sombria e deprimida do Bruce/Batman foi explorada até o limite em que ele finge que se sente bem jantando sozinho e nega que precisa do Coringa para seguir combatendo o crime.
Aliás, é exatamente o relacionamento quase homo afetivo com o Coringa que chama a atenção e pode chocar aos mais carolas.
Enquanto eles brigam e se pegam no sentido fisicamente agressivo do termo, tudo está bem, mas é só o Morcego dizer que o Coringa não é seu maior inimigo para a coisa degringolar. O Coringa literalmente surta e não se conforma com a falta de anti-carinho do Batman, se é que esse termo existe mesmo.
A partir daí, o Coringa se vira para chamar a atenção do Batman, inclusive manipulando-o para ser enviado para a Zona Fantasma, a mesma para onde o Superman manda seus desafetos, de onde organiza uma invasão do nosso mundo buscando destruição e, por que não, ódio.
Eu menciono ódio por que é exatamente isso que o Palhaço quer.
Ele quer que o Batman o odeie com todas as suas forças, que seja algo mais do que físico e que um admita precisar do outro para seguir existindo.
Até que isso aconteça (e acontece), ou seja, até que o Batman admita que o Coringa é seu maior inimigo e que ele o odeia mais do que tudo na vida, em um clímax onde um beijo de língua poderia se encaixar perfeitamente, muita coisa absurda acontece, muitos bloquinhos são destruídos e muitas coisas são montadas e desmontadas em velocidade absurdamente alta.
Tem até espaço para um órfão altamente simpático e carente que o Batman adota meio sem perceber e que acaba virando um Robin meio misto do Dick Grayson tradicional e da menina do gibi Cavaleiro das Trevas.
Mas, para mim, o ponto alto da diversão foi a frase que o Batman usava para abrir os portões da Batcaverna, por ar, por mar ou por terra. Dizer “o homem de ferro é chato” é ao mesmo tempo uma homenagem e uma tiração de sarro com a Marvel. Apesar de ser um marvete convicto, prefiro a segunda ideia.
Em resumo, como me diverti assistindo Lego Batman!