Luke Cage: a música (alerta de spoiler)

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HdTV - Luke Cage

Eu assisti o seriado “Jessica Jones” completamente no escuro. Não conhecia o personagem e, por isso mesmo, não sabia o que esperar dele. Acho que ela apareceu nos quadrinhos depois de eu parar de lê-los.

De qualquer maneira, um amigo aficionado me disse que havia gostado e eu resolvi arriscar.

Achei o seriado bem adulto, principalmente pelas cenas de sexo bem pouco gentil entre a Jessica e o Luke, que até então eu não sabia que usava o sobrenome Cage. Nenhum deles era muito carinhoso com o outro na cama e dava até para imaginar as marcas que ficavam depois que eles se despediam. Isso sem falar nos estragos nos móveis e paredes. Era literalmente um super sexo.

Posso dizer que foi essa experiência que me levou a ver o seriado solo do Luke.

Desta vez eu tinha informações e expectativas e posso dizer que fui positivamente surpreendido com o que encontrei.

“Luke Cage” era ainda mais real do que “Jessica Jones”. Os personagens eram críveis, os dramas me eram familiares e as dores eram quase palpáveis. Eu realmente gostei de ver a vida no Harlem e os vilões menos super e mais do gueto.

Mas o que eu gostei mesmo, bem mais do que gostei do drama, foi da trilha sonora.

A cada música que rolava ao vivo no Harlem´s Paradise eu esquecia que o Luke queria limpar o bairro, que o Diamondback queria matar o Luke, que a Misty estava dividida entre voltar para a cama do Luke e ser a melhor policial da cidade e que a Mariah se parecia muito com os políticos corruptos do Brasil.

Tudo perdia importância quando a música rolava. E era música negra na sua melhor essência, mesmo que nem sempre tocada por negros.

Tinha rap novo (Jidenna), rap antigo (Gang Starr), rap mais ou menos antigo (D-Nice), rap de bandido (Wu Tang Clan, Adrian Younge, Ali Shaheed Muhammad e Method Man), soul novo (Charles Bradley e Raphael Saadiq), R&B inspirador de sexo (Faith Evans), R&B clássico (The Stylistics e The Delfonics), Jazz para não sair da cama em Monte Verde (Nina Simone), figurinhas carimbadas que ganham qualquer jogo (Dusty Springfield) e blues bêbado e esfumaçado (John Lee Hooker).

Era invariavelmente sensacional, especialmente as cenas em que o Cornell tocava órgão de um jeito delicado e viajante. Dava quase para gostar do cara que matava com os punhos e as palavras.

Em resumo, minha recomendação não é apenas que se assista “Luke Cage”, mas sim que se ouça “Luke Cage”.

Vale a pena.

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